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Texto de Filosofia

Um sentido para o ensino de filosofia no nível médio

            Etimologicamente, filosofia vem do grego e significa amigo ou amante (philo) da sabedoria, do saber (sophia).
            O sujeito que pratica a filosofia, portanto, não é um  Sophos (sábio ), no sentido de alguém que possui muitos conhecimentos , mas um philosophos, isto é, um amante da sabedoria, alguém que reconhece a própria  ignorância  e, ao mesmo tempo, deseja e busca ansiosamente o saber.
            A filosofia, portanto, é uma atitude de busca do saber, do conhecimento. Mas  o saber a que a filosofia almeja não é aquele típico do senso comum, baseado na opinião, no ouvir dizer, no “eu acho que”...adquirido espontaneamente  na convivência entre pessoas de um mesmo ambiente sociocultural e que os gregos antigos denominaram doxa.
            O saber que a filosofia busca é episteme: um saber bem fundamentado, amparado em argumentações racionais consistentes e que pode ser considerado verdadeiro, independentemente de opiniões particulares.
            Assim o filosofo Platão faz a distinção entre: Conhecimento e Opinião: Philosopho e  Philodoxo!
            Para o filosofo italiano Gramsci a filosofia deve estar em contato com os “simples”, isto é, com as massas populares, a fim de  “conduzi-los a uma concepção de vida superior e possibilitar “um progresso intelectual de massa”. Somente através  desse contato com os “simples” é que a  filosofia “se torna  histórica, depura-se de seus elementos intelectualistas de natureza individual e se transforma em vida.
            Creio ser possível afirmar, sem grandes problemas, que a filosofia é fundamentalmente, um trabalho de reflexão. Refletir é uma atitude consciente, comprometida e intencional de repensar o que já foi pensado, de problematizar  o pensamento estabelecido, submetendo-o à duvida , à crítica, à análise cuidadosa, buscando seu significado mais  profundo.
            Para ser filosofica uma reflexão precisa ser, ao mesmo tempo, radical (raiz) do objeto pensado,  de conjunto (global)  e   rigorosa (sistemática ou coerente).
            Para Gramsci o homem é um Ser ativo enquanto ser reflexivo, ou seja , ele  é modificado pelo ambiente, isto é, pelo conjunto das relações de que participa(relações com outras pessoas e com a natureza),  também modificando o ambiente  em um processo dialético, fazendo-se, assim , um ser político. Assim a reflexão filosofica  não é meramente teórica porque, nela, reflexão e prática determinam-se reciprocamente, dialeticamente. Numa palavra, a reflexão filosofica constitui uma Práxis.
            Pensando-se numa reflexão séria, a filosofia assume-se um caráter de classe. A pergunta que surge, então, é a seguinte: Se a filosofia possui um caráter de classe, visto que é socialmente determinada, com que classe social deve-se comprometer? Cabe à filosofia assumir, clara e efetivamente, uma posição perante o conflito entre as classes, ou, pelo contrário, deve transcender esse conflito, mantendo-se numa postura de neutralidade? Ou, ainda, poderia ela servir a dois senhores: Classe Alta e Classe Baixa! Classes Antagônicas que lutam pelo sucesso individual, ou seja, enquanto a classe alta quer manter-se no poder com todas regalias possíveis; a classe baixa quer ter o poder para usufruir das mínimas regalias possíveis.
            Por natureza política, e o homem é um animal político, toda ação humana tem sempre alguma implicação social, seja no sentido da conservação, seja no da transformação da sociedade, ainda que o sujeito que a realize não tenha clara consciência desse fato. Por sua vez, favorecer ambas as classes é impossível, pois seus interesses são irreconciliáveis.

Para Marx existem classes “ascendentes”- revolucionárias e classes “descendentes”- conservadoras. Enquanto a classe revolucionária tem interesse na verdade, a classe anti-revolucionária tem interesse na ocultação da verdade. É a exploração de uma classe social em detrimento a outra classe social.  
                            Extraído com adaptação do livro filosofia no ensino médio. Ed. Vozes, Petrópolis, 2000.  Pgs129-135

Professor: Divino

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